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O que esperar da nova regulamentação de prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo para ativos virtuais?

A importância de estar preparado para a regulamentação das criptomoedas.

Muito em breve, o mercado de ativos virtuais deixará de ser uma terra sem regulamentação. 

O Banco Central do Brasil (Bacen) foi designado como o órgão regulador responsável por supervisionar as atividades das prestadoras de serviços de ativos virtuais, também conhecidos como criptoativos. Uma consulta pública para a regulamentação dessa atividade está em preparação, e isso inclui controles para prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo (PLD-CFT). Neste artigo, exploraremos as implicações dessa regulamentação, o aumento das atividades ilícitas no mercado de criptoativos e o que as prestadoras de serviços de ativos virtuais podem esperar.

A Ascensão dos ativos virtuais e os riscos associados

O mercado de ativos virtuais, popularmente conhecido como criptoativos, cresceu exponencialmente nos últimos anos. Contudo, com esse crescimento, também surgiu um aumento nas preocupações em relação ao uso dessas moedas digitais em atividades ilícitas. Dados divulgados pela Chainalysis, uma empresa de análise de blockchain que ajuda governos, empresas e instituições financeiras a rastrear transações, revelam que a quantidade de criptomoedas utilizadas na lavagem de dinheiro aumentou significativamente. Entre 2021 e 2022, houve um aumento de 68%, totalizando um montante de US$ 23,8 bilhões.

Embora o mercado de criptoativos ofereça oportunidades legítimas de investimento e inovação, o uso dessas moedas digitais para atividades ilegais representa uma ameaça que não pode ser ignorada. O financiamento do terrorismo e a lavagem de dinheiro são questões que preocupam os reguladores financeiros em todo o mundo. Diante desse cenário, a regulamentação dos ativos virtuais se tornou uma necessidade premente.

O papel do BACEN na regulamentação

O Bacen, como autoridade reguladora financeira no Brasil, foi designado para supervisionar e regulamentar as atividades das prestadoras de serviços de ativos virtuais. Isso marca um ponto crucial na evolução desse mercado, à medida que deixa para trás a ausência de regulamentação e se adapta às diretrizes financeiras convencionais.

Uma das principais implicações dessa regulamentação é a introdução de controles destinados a prevenir a lavagem de dinheiro e combater o financiamento do terrorismo, conhecidos como PLD-CFT. Esses controles estabelecerão diretrizes claras para as prestadoras de serviços de ativos virtuais, a fim de garantir que suas operações estejam em conformidade com as regulamentações financeiras.

Regulamentações atuais do BACEN

Atualmente, o Bacen já possui regulamentações em vigor que se relacionam aos processos e controles de PLD-CFT. Essas regulamentações se aplicam a todas as instituições autorizadas e oferecem uma base sólida para o desenvolvimento de regulamentos específicos para ativos virtuais. As duas regulamentações-chave são:

i. Circular 3.978/20: Essa circular estabelece os pilares de um programa eficaz de PLD-CFT, que incluem a implementação de políticas, procedimentos e controles internos. Além disso, requer uma avaliação interna de risco, avaliação de efetividade e o desenvolvimento de treinamentos e ações de conscientização sobre a prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo para todos os colaboradores, incluindo terceiros.

ii. Carta-Circular 4.001/20: Essa carta-circular descreve as tipologias de operações e situações que podem indicar indícios de lavagem de dinheiro e, portanto, devem ser comunicadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Essas regulamentações atuais do Bacen fornecem uma base sólida para o desenvolvimento de regulamentações específicas para ativos virtuais. No entanto, é importante considerar como essas regulamentações se aplicarão a um mercado caracterizado por sua natureza digital e descentralizada.

O desafio da regulamentação de ativos virtuais

Embora as regulamentações existentes forneçam um ponto de partida, a regulamentação de ativos virtuais apresenta desafios únicos. O mercado de criptoativos opera 24 horas por dia, sete dias por semana, e os ativos virtuais podem ser transferidos globalmente em questão de minutos. A natureza descentralizada e a anonimidade inerente às transações com criptomoedas também tornam a regulamentação mais complexa.

Dentro desse contexto, a Circular 3.978/20, que se concentra em princípios gerais, pode ser aplicada ao mercado de ativos virtuais com relativa facilidade. No entanto, a Carta-Circular 4.001/20, que descreve tipologias de operações suspeitas, pode necessitar de adaptações para refletir as particularidades das transações com criptoativos.

É importante destacar que a autorregulação desempenha um papel significativo no mercado de ativos virtuais. A Associação Brasileira de Criptoativos (ABCripto) estabeleceu seu próprio conjunto de regulamentos de PLD-FT, que em grande medida espelha as diretrizes da Circular 3.978/20. Portanto, muitas das exigências já estão sendo seguidas pelas prestadoras de serviços de ativos virtuais.

No entanto, à medida que o Bacen avança na regulamentação específica para ativos virtuais, é fundamental que as empresas do setor estejam preparadas para se adaptar às novas regras e requisitos.

As implicações da regulamentação para ativos virtuais

1. Segurança e confiabilidade

Uma das implicações mais significativas da regulamentação é o aumento da segurança e da confiabilidade no mercado de ativos virtuais. As regulamentações visam garantir que as prestadoras de serviços de ativos virtuais implementem medidas eficazes de prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo. Isso, por sua vez, aumentará a confiança dos investidores e usuários, tornando o mercado mais atraente para todos os envolvidos.

2. Transparência

A natureza transparente da tecnologia blockchain, que serve como a base para a maioria das criptomoedas, é uma das principais vantagens dos ativos virtuais. A regulamentação pode fortalecer ainda mais essa transparência, exigindo que as transações sejam registradas e rastreadas de forma mais aberta e acessível. Isso contribuirá para a detecção e prevenção de atividades ilícitas.

3. Compliance

As empresas que atuam no mercado de ativos virtuais precisarão adotar práticas de compliance mais rigorosas. Isso envolverá a implementação de políticas, procedimentos e controles internos que atendam às regulamentações específicas do Bacen. Além disso, o desenvolvimento de treinamentos e ações de conscientização sobre a prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo será essencial para garantir que todos os colaboradores estejam alinhados com as novas regulamentações.

4. Relatórios ao Coaf

A Carta-Circular 4.001/20, que lista as tipologias de operações suspeitas, pode ser adaptada para incluir operações envolvendo criptoativos. As prestadoras de serviços de ativos virtuais precisarão monitorar e relatar qualquer atividade suspeita ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Isso contribuirá para a detecção precoce de atividades ilícitas no mercado de criptoativos.

5. Aprimoramento tecnológico

A regulamentação também impulsionará o desenvolvimento de tecnologias e ferramentas especializadas para o monitoramento e conformidade no mercado de ativos virtuais. As empresas que já contam com ferramentas de análise de blockchain terão uma vantagem significativa na compreensão das transações e na identificação de atividades suspeitas.

6. Preparação para o futuro

Independentemente das previsões sobre o conteúdo da regulamentação, é fundamental que as empresas estejam preparadas para o futuro. Estar à frente da curva regulatória não apenas garante a conformidade, mas também demonstra compromisso com a integridade do mercado. Os especialistas da área podem auxiliar as prestadoras de serviços de ativos virtuais na implementação de medidas de conformidade eficazes.

A regulamentação do mercado de ativos virtuais representa um marco importante na evolução desse setor. Embora a regulamentação possa apresentar desafios, ela oferece oportunidades para fortalecer a segurança, a transparência e a confiabilidade do mercado. Para as empresas que atuam nesse setor, é essencial estar preparado para se adaptar às novas regulamentações.

O futuro da regulamentação de ativos virtuais

À medida que o mercado de ativos virtuais continua a crescer e atrair a atenção global, é provável que a regulamentação continue a evoluir. O Banco Central do Brasil (Bacen) está comprometido em manter a integridade do mercado financeiro e garantir que os ativos virtuais sejam usados de maneira legal e ética. Aqui estão algumas considerações sobre o futuro da regulamentação de ativos virtuais:

1. Cooperação internacional

O mercado de ativos virtuais não conhece fronteiras. A cooperação internacional entre reguladores e agências de aplicação da lei será fundamental para garantir a conformidade em escala global. Os esforços para combater a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo em ativos virtuais exigirão a colaboração de múltiplos países.

2. Educação e conscientização

À medida que as regulamentações se tornam mais complexas, a educação e a conscientização desempenham um papel crucial. As empresas de ativos virtuais precisam investir em treinamento para garantir que seus funcionários compreendam plenamente as obrigações de conformidade. Além disso, os usuários de ativos virtuais também precisam ser educados sobre as implicações das regulamentações.

3. Inovação tecnológica

A inovação tecnológica é uma constante no setor de ativos virtuais. À medida que as regulamentações evoluem, as empresas precisam encontrar maneiras de integrar novas tecnologias para cumprir os requisitos de conformidade. Isso inclui o desenvolvimento de soluções de monitoramento e relatórios mais avançadas.

4. Auditorias e avaliações

As auditorias e avaliações regulares desempenharão um papel fundamental na conformidade contínua. As empresas precisarão revisar e aprimorar constantemente seus programas de prevenção à lavagem de dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo para garantir que estejam em conformidade com as regulamentações em constante evolução.

5. A evolução das criptomoedas

À medida que novas criptomoedas e ativos virtuais são lançados, a regulamentação precisará se adaptar para abordar essas inovações. Reguladores, empresas e especialistas em segurança cibernética precisarão estar atentos a novas ameaças e formas de uso indevido.

6. O papel dos Autorreguladores

Instituições, como a Associação Brasileira de Criptoativos (ABCripto), desempenharão um papel fundamental na definição das melhores práticas e na autorregulação do mercado. Essas associações podem ajudar a orientar as empresas na conformidade e na promoção de padrões éticos.

7. A proteção dos investidores

A regulamentação também tem como objetivo proteger os investidores. À medida que o mercado de ativos virtuais atrai mais investidores individuais e institucionais, a regulamentação desempenhará um papel fundamental na criação de um ambiente seguro e justo para todos os participantes.

À medida que o Bacen avança na regulamentação de ativos virtuais, é essencial que as empresas estejam atentas às mudanças e estejam dispostas a se adaptar. O futuro desse mercado é empolgante, mas também desafiador. A conformidade com as regulamentações é fundamental para garantir que o mercado de ativos virtuais cresça de maneira sustentável e ética.
Nossos especialistas estão comprometidos em ajudar sua empresa a enfrentar os desafios da regulamentação de ativos virtuais. Entre em contato conosco, clicando aqui, para obter orientação sobre como se preparar para o futuro desse mercado em rápida evolução.

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